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1. |
distância
02:03
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invocando sua voz ou o que a memória das telas permite
seus olhos éter boca passos fios maciez coluna dentes
tudo gentilmente dissolve ao redor
deslizando entre o fim de manhã sem pressa
por todos os aspectos de uma dissociação solar
a gente não é ninguém quando está sozinho
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2. |
saudade
02:27
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nesse deslocamento específico onde tudo é pensamento
na ausência só vive a ideia saudade carinho calor
seus olhos nos meus
escrevendo em vórtices semi-circulares de lua
versos para riscar no tempo
uma brecha atalho no qual seja possível
dependendo apenas da precariedade da lingua tocar
você
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3. |
abstração
03:15
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e eu me agarro na abstração de um fim de tarde
na memória que não sei se inventei
e repito para ouvir ecoar nas paredes recém pintadas
e seu branco gelo vazio hospitalar
vai ficar tudo bem e
há algo muito bonito em observar olívia
observar a chuva no meio da noite
através de uma pequena janela
há algo muito bonito e
tenho dedicado muito do meu tempo a observar
sem pressa
os ínfimos movimentos que seus pelos fazem quando
respira
observar
de certo modo me faz respirar também
sem pressa me prepara
para poder escutar por alguma meia hora
a guardando no meu silêncio um sorriso
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4. |
sonho
02:17
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e a imagem que não me sai da cabeça
e que agora transcrevo
na tentativa de fazê-la permanecer um pouco menos enevoada
corríamos beira de montanha
rocha estrada o céu era branco laranja amarelo,
tons terrosos em baixa saturação
nos amávamos
na grama
correndo gritando felizes o amor que amam os sonhos
mais vivos que nós e de repente no sonho é manhã
acinzentada
como as manhãs em sonho e
contra-luz posicionada em frente à mesa
você sorri cabelo ao ombro roupas escuras fotografia
superexposta em baixa saturação
me dizendo algo que não alcanço
por falta de repertório ou pelo zumbido em meus ouvidos
mas parecem dizer alegria
e então mergulhando
em todas as possibilidades de foco disponíveis
numa sequência nada óbvia de nitidez
suas mãos seus dentes seus cílios clavículas
ombro palavras sorrio ao respirar bem fundo e
acordo pela terceira vez,
gosto e ares e inserções solares de sábado
sexta-feira,
oito e dezessete da manhã
olhando através da tela/espelho
na sua perspectiva monotemática
e eu choro
lágrimas de saudade no silêncio do quarto vazio
a caminho de lugar nenhum;
toda espera é silêncio é vazio de fome
mordiscando lábio sol atravessando a sala
habitando síntese
tecendo um canto com sua voz
na cabeç
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5. |
afeto
05:01
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meu rosto de frente ao travesseiro
mergulhado no seu cabelo
por um instante a mais
minha boca te cola o corpo
minhas mãos seu pescoço
peito cintura nossas pernas enroscadas em nós
saliva suor e seu gosto na minha língua
em contraponto ao mundo lá fora
que de vazio se dissolve
seus olhos nos meus
um
poema não
escrito à
beira-mar
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ramon gonçalves BA, Brazil
Multimedia artist, explores production possibilities, mixing formats and languages, having music and visual/graphic arts as
principal researching methods.
Works with noisy soundscapes, textural minimalist music, spoken word poetry and lofi videomaking experiences.
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